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NOVIDADE: Presidente Temer usa dados não oficiais em discurso na ONU




Um discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nessa terça-feira (19), o presidente da República, Michel Temer, usou um estudo do instituto de pesquisa Imazon, que realiza levantamentos mensais sobre tendências de crescimento ou queda do desmatamento na Amazônia, para afirmar que houve uma redução dos danos à floresta.


O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais do planeta. O desmatamento é questão que nos preocupa, especialmente na Amazônia. Nessa questão temos concentrado atenção e recursos. Pois trago a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região. Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos”, declarou Temer.


No entanto, um dos pesquisadores do instituto disse que a informação apresentada pelo presidente é "imprecisa" e "inadequada". "Os dados que o Imazon mede mensalmente podem indicar uma tendência. Portanto, é possível que o desmatamento caia. Mas não podemos dizer 20% porque não temos a precisão que essa afirmação exige", disse o engenheiro florestal Paulo Barreto, em entrevista à BBC Brasil.

"Estes não são dados oficiais. Os dados do governo ainda não foram divulgados e parece que o presidente está comparando dados oficiais do ano passado com os nossos, de agora, sendo que as metodologias são totalmente diferentes", completou.


Ele ainda destacou que políticas recentes do governo federal devem agravar a destruição na Amazônia. "O governo mandou projetos de lei para o Congresso para reduzir áreas de conservação. Nossos estudos mostram que as taxas dobram com reduções como esta", afirma Barreto. Outros pesquisadores do instituto também seguem a mesma linha de raciocínio dele.


A declaração de Temer na ONU foi feita dias depois de ele assinar decreto que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) e libera a exploração mineral em parte da área. A decisão foi alvo de críticas de ambientalistas e da população.


A assessoria da Presidência confirmou ter usado dados do Imazon, mas não comentou a informação de que os números não são oficiais.

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