Na pauta, estão 141 requerimentos para serem analisados, entre eles os pedidos de convocação para depor dos irmãos Joesley e Wesley Batista
Depois de serem iniciados, mas não evoluírem em nada na última semana, os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS serão retomados nesta terça-feira.
Na pauta, estão 141 requerimentos para serem analisados, entre eles os pedidos de convocação para depor dos irmãos Joesley e Wesley Batista, além de outros executivos da empresa e do ex-procurador Marcelo Miller, que teria ajudado a empresa antes de sair da Procuradoria-Geral da República.
A CPMI foi criada, oficialmente, para investigar “supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F em operações realizadas com o BNDES e BNDESPar, ocorridas entre os anos de 2007 a 2016”. Parlamentares contrários à comissão dizem que seu verdadeiro objetivo é se vingar tanto dos delatores como do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que colecionou inimizades no Congresso e no Planalto em seus quatro anos investigando políticos na Lava-Jato.
Na última semana, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), presidente da CPMI. A conversa foi vista como uma articulação pela escolha de Carlos Marun (PMDB-MS), grande aliado de Temer, para a relatoria da comissão.
Desde então, o deputado deu diversas entrevistas com afirmações controversas, como ao dizer que a CPMI servirá para “investigar quem nos investigou” e que “o doutor Janot é hoje a pessoa que mais atrapalha o Brasil”.
Quatro integrantes se retiraram da CPMI após o anúncio da escolha de Marun, Cristovam Buarque (PPS-DF), Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Otto Alencar (PSD-BA) e Dário Berger (PMDB-SC).
Dos 34 integrantes, ao menos oito receberam financiamento da JBS na última campanha, inclusive Marun, que recebeu, por meio de outros candidatos, 103.000 reais da empresa.
O governo também pretende usar a comissão para diminuir o impacto das delações e da segunda denúncia contra Temer, apresentada por Janot no final da última semana.
A principal maneira de fazer isso é tentar minar a credibilidade tanto do ex-procurador-geral como dos executivos da JBS. Para isso, parlamentares já se articulam para convocar desafetos dos principais alvos.
Rediscutir o papel das delações, embora esteja longe do escopo da CPMI, deve ser uma constante nas discussões. Um dia depois de deixar oficialmente o cargo de procurador-geral, Janor sairá da posição de atirador de flechas para a de alvo.