Depois de quatro anos à frente da PGR, a expectativa é que Janot encerre o mandato com mais uma flecha: a segunda denúncia contra Michel Temer. O procurador sempre foi alvo de ataques de políticos e também sempre recebeu manifestações de solidariedade.
É a última semana de Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República. O primeiro a pedir investigação de um presidente da República no exercício do cargo. Mas, não para por aí. Depois de quatro anos à frente da PGR, a expectativa é que Janot encerre o mandato com mais uma flecha: a segunda denúncia contra Michel Temer. Mas antes, ele vai ter que passar pelo crivo do Supremo Tribunal Federal que analisa um pedido do próprio Temer para tirar Janot da Lava-jato. Os advogados pedem que qualquer acusação seja suspensa até que o caso JBS seja esclarecido. Mesmo após tentativas da defesa de desqualificar a denúncia, o procurador chegou a falar em provas satânicas.
Durante todo o mandato, o procurador sempre foi alvo de ataques de políticos. Por isso, também sempre recebeu manifestações de solidariedade, tanto de associações do meio jurídico, quanto de populares. Em uma dessas ocasiões, Janot foi até o portão da sede da PGR receber flores de pessoas que defendiam seu trabalho.
Mas, após a reviravolta na delação da JBS, Rodrigo Janot tem sido ainda mais criticado, principalmente por aliados do presidente. Não foi só com Michel Temer que o procurador protagonizou embates. Além de acumular críticas de políticos denunciados na Lava-jato, teve sucessivos confrontos com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Depois de acusações do ministro, Rodrigo Janot, num discurso duro, numa referência à Mendes, afirmou que ele sofre de disenteria verbal.
Depois de uma trégua entre os dois, Gilmar Mendes voltou a atacar novamente. Chegou a chamar Janot de delinquente e disse que ele é o procurador mais desqualificado da história do órgão.
Nos últimos meses, a delação da JBS tem causado dor de cabeça a Rodrigo Janot. Foi criticado por conceder imunidade a Joesley Batista e outros executivos da JBS. Agora, com a divulgação dos áudios dos executivos comemorando a liberdade, as críticas ficaram ainda mais fortes. Janot corre o risco de ter outras duas delações da Lava-jato anuladas: a de Sérgio Machado e de Nestor Cerveró, comandadas também pelo então procurador Marcelo Miller. Mas, mesmo assim, nas últimas semanas, o procurador tem soltado mais flechas: denunciou políticos do PT, inclusive os ex-presidentes Lula e Dilma, do Partido Progressista, além os senadores do PMDB. Na próxima semana, há rumores de que ele apresentará ainda acusação contra o PMDB da Câmara.