O tempo muito seco e muito quente observado em grande parte do Brasil no mês de setembro tem permitido o alastramento diário de centenas de focos de queimadas nas cinco regiões administrativas, assim como em todos os biomas, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
Dados meteorológicos registrados
O monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que entre os dias 01 e 09 de setembro, em todo o território nacional, foram detectados 27.188 focos de calor, o que representa um aumento abusivo de 89% em comparação com o mesmo período de 2016.
A chuva, que naturalmente volta a cair em áreas do Centro-Oeste e leste e sul da Região Norte na primeira quinzena de setembro, ainda não apareceu e para complicar a situação, um forte e persistente bloqueio na média coluna troposférica (aproximadamente 5.800 metros de altitude) impede o deslocamento de sistemas transientes, como as frentes frias, onde o tempo também está muito seco em grande parte da Região Sul.
O mapa abaixo ilustra o campo sinótico sobre 500 hPa (5.800 metros de altitude) feito pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe).
A estiagem já passa de 150 dias em municípios do interior da Região Nordeste e norte da Região Sudeste e entre o Centro-Oeste, parte do Sudeste e em áreas da Região Sul, as última chuva acumulativa, em vários pontos, foi há mais de 100 dias.
Nos nove primeiros dias de setembro, o estado que mais queimou foi o Pará, com 6.353 focos, seguido de Mato Grosso, com 4.950 focos e Maranhão, com 3.607 focos.
Já os municípios que mais queimaram em setembro foram São Félix do Xingu, com 5.506 focos e Altamira, com 3.882 focos, ambos no estado do Pará. Em terceiro lugar vem porto Velho, em Rondônia, com 2.887 focos.
No acumulado anual, ou seja, desde 01 de janeiro, o Brasil já registrou 117.444 focos de calor, aumento de 17% quando comparados os dados com o mesmo período do ano passado.
O risco de fogo segue muito elevado em grande parte do Brasil, segundo o monitoramento feito pelo Cptec/Inpe, onde, além de fazendas, áreas particulares, também há observação de grandes focos de queimadas em regiões de preservação ambiental e unidades indígenas.
A imagem feita pelo satélite Geostationary Operational Environmental Satellite (GOES) 16 neste domingo (10) relevou grande concentração de fumaça sobre a América do Sul, onde o fluxo de vento transportou a parcela de poluição da Amazônia para sul, rumo à Argentina.