Processo envolve a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente
O juiz Sérgio Moro deve ouvir mais quatro réus em uma ação penal da Lava Jato que envolve a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, nesta quarta-feira (6), em Curitiba. Entre os réus está o ex-ministro Antônio Palocci.
Palocci já foi condenado em outra ação da Lava Jato a 12 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Neste processo, ele responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF), na capital paranaense.
As audiências serão realizadas na sede da Justiça Federal do Paraná. O primeiro a ser ouvido, a partir das 9h30, deve ser o dono da empresa DAG Construtora, Demerval de Souza Gusmão Filho. Depois, às 14h, devem ser interrogados Palocci, o advogado Roberto Teixeira, e o primo do pecuarista José Carlos Bumlai Glaucos da Costamarques.
Lula foi denunciado neste caso em 15 dezembro de 2016, e o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia quatro dias depois. Segundo o MPF, a Construtora Norberto Odebrecht pagou R$ 12.422.000 pelo terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. Esta obra não foi executada.
O depoimento do ex-presidente está marcado para o dia 13 de setembro.
A denúncia afirma também que Lula recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive. De acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel.
Ainda conforme a força-tarefa, este segundo apartamento foi adquirido no nome de Glaucos da Costamarques, que teria atuado como testa de ferro de Lula. Os procuradores afirmam que, na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques.
Lula foi condenado no processo sobre o triplex no Guarujá, em São Paulo, a 9 anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, ele também foi denunciado pela Lava Jato no processo que envolve um sítio em Atibaia, no interior paulista.
Depoimento de Marcelo Odebrecht
O ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, abriu, nesta segunda-feira (4), a rodada de depoimentos de réus no processo que envolve a compra do terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e do imóvel em São Bernardo do Campo.
Ele disse acreditar que Lula sabia sobre os repasses ilegais feitos a ele, embora tenha reconhecido que nunca tratou do assunto com o petista.
O interrogatório durou quase quatro horas. No depoimento, ele voltou a afirmar que o codinome "amigo", encontrado em planilhas do Setor de Operações Estruturadas da empresa, fazia referência a Lula. De acordo com ele, a planilha intitulada "Italiano", apreendida pela Polícia Federal, é referente a pagamentos não contabilizados da companhia ao ex-ministro Antônio Palocci e ao Partido dos Trabalhadores (PT).