O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode não decidir nesta terça-feira se vai liberar a divulgação ou manter sob sigilo o áudio da conversa de quatro horas em que dois delatores da J&F omitiram, na interpretação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, condutas criminosas e que correm o risco de perder os benefícios da colaboração premiada.
Até às 10h desta terça-feira, a gravação da conversa entre Joesley Batista e Ricardo Saud, um dos diretores do grupo, ainda não tinha chegado ao gabinete de Fachin.
O ministro do STF --responsável por ter homologado a delação de executivos do grupo em maio-- foi informado por Janot da situação antes de ele fazer um pronunciamento e dar uma entrevista coletiva na noite de segunda-feira na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Um documento informando a instauração do procedimento de revisão da colaboração premiada de três executivos do grupo --além de Batista e Saud, está sob ameaça o então diretor jurídico do grupo Francisco de Assis e Silva-- foi protocolado eletronicamente no gabinete dele por volta das 19h30. Àquela altura, contudo, não havia mais tempo para apresentar o áudio fisicamente --esse guichê específico havia fechado às 19h.
Janot pediu para que Fachin avaliasse a conveniência de divulgar o áudio porque constam nos diálogos, além dos relatos de supostos crimes omitidos, assuntos que se referem à "vida privada e íntima de terceiros que não interessam à investigação de fatos criminosos tampouco das possíveis omissões deliberadas dos colaboradores".
A avaliação feita no gabinete do ministro do STF, segundo uma fonte, é que é pouco provável uma decisão ainda nesta terça devido ao fato de a gravação não ter chegado e ela ter quatro horas --o que demandará um prazo para uma análise inicial das conversas.
Fachin ficou surpreso com a situação, assim como outros ministros do tribunal. Em entrevista coletiva, Janot chegou a mencionar, sem dar detalhes, que haveria citações sobre ministros do Supremo nas conversas.