Sete em cada cem brasileiros convivem diariamente com a dor de cabeça, mas o que muita gente não sabe é que existem mais de 200 tipos de dor de cabeça e elas podem aparecer de muitas formas e muitas vezes.
Com tanta dor de cabeça diferente, não existe só um remédio. O Bem Estar desta segunda-feira (21) convidou duas neurologistas, Maria Eduarda Nobre e Thais Villa, para falar sobre as dores, tratamentos e a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca.
Um tipo de dor de cabeça é a cefaleia em salvas. Ela é mais comum em homens e a mais dolorosa das dores de cabeça. A dor é extremamente intensa, geralmente ao redor de um dos olhos e pode se manifestar até oito vezes no mesmo dia. É sempre do mesmo lado da cabeça, a pálpebra cai, o olho fica vermelho e pode lacrimejar.
Em alguns casos, aparece todo ano. Em outros, demoras dois anos, três anos, mas geralmente vem na mesma época. Cada pessoa reage de um jeito. Tem gente que precisa ficar isolada e, de preferência em um lugar bem escuro.
Para quem tem esse tipo de dor de cabeça, analgésico não resolve. É preciso tomar medicamentos específicos, prescritos por um neurologista. Outra alternativa é a inalação de oxigênio. Também existe uma cirurgia para quem sofre de cefaleia em salvas crônica.
Ao contrário da enxaqueca, não existem gatilhos que disparam a cefaleia em salvas, mas existem gatilhos que, no período de crise, pioram a dor.
Dor de cabeça x enxaqueca A dor de cabeça é sintoma de muitas doenças. Nestes casos, a dor desaparece com o tratamento da doença. Já a enxaqueca não é sintoma, é uma doença que precisa ser tratada. A dor é mais forte e dispara com alguns gatilhos. Sono, estresse, TPM, jejum prolongado, mudança de temperatura, estímulos externos são gatilhos da enxaqueca.
Quem tem enxaqueca tem menor produção de endorfinas, que são analgésicos naturais. O cérebro do ‘enxaquecoso’ processa de forma mais intensa as emoções, sentimentos, dor e estímulos externos. Também é comum quem sofre de enxaqueca ter depressão ou ansiedade por causa dessa maior sensibilidade emocional.
Cem comprimidos por mês Durante onze anos, o economista Hudson Albinas Derencius sofreu com a enxaqueca. Como ele não sabia o que tinha, tentava tratar a dor se automedicando. Quando ela aparecia, o economista corria para a caixinha de remédio e tomava os analgésicos. Ele chegou a tomar cem comprimidos em um mês.
Hudson não fazia ideia, mas estava arranjando outro problema: a dor de cabeça por uso excessivo de analgésico. “Nosso cérebro produz um analgésico interno, que chama endorfina. Quando tomamos muito analgésico, nosso cérebro se acomoda e para de produzir endorfina”, explica a neurologista Célia Roesler.
O primeiro passo do tratamento foi a desintoxicação. “Além de fazer o tratamento de desintoxicação, que é tirar os analgésicos, a gente começa a tratar a doença, com as medicações preventivas”, fala a neurologista Thais Villa. É um tratamento que vem dando resultados para o Hudson. “Meu humor melhora sem a dor. Consigo me concentrar mais e eu tô animado, feliz”.