A postura do ministro Gilmar Mendes, ao soltar réus da Lava Jato, contraria o espírito da Operação, que é de colocar todos os indivíduos debaixo da lei, segundo o procurador da República e membro da força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, Deltan Dallagnol. “As manifestações recorrentes e enfáticas de Gilmar Mendes não correspondem às determinações da lei que rege a magistratura”, disse, em coletiva de imprensa em evento realizado pela B3 na cidade de Campos do Jordão (SP).
“As manifestações também vão contra as regras que regem a suspeição do código penal e civil e coloca em dúvida a credibilidade da Justiça”, disse o procurador. Suspeição é aquela circunstância em que juízes, por exemplo, possuem algum parentesco, afinidade ou interesse em determinado processo, o que o impede de exercer suas funções.
Há pouco mais de uma semana, a força-tarefa da Lava Jato no Rio solicitou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que ingresse com um pedido para declarar o impedimento do ministro Gilmar Mendes e listou as relações do ministro com os empresários do setor de transportes Jacob Barata Filho e Lélis Marcos Teixeira, presos pela operação e posteriormente soltos por Mendes.
Deltan Dallagnol disse ainda que a Operação Lava Jato precisa mais do que palavras do ministro da Justiça, Torquato Jardim, mas de atos que confirmem suas intenções. “A Lava Jato precisa de apoio concreto por meio de atitudes”, disse.