Salários estão atrasados há três meses, mas o dinheiro continua entrando. Presidente do partido, Eduardo Machado é acusado de alugar imóveis e até comprar carros para uso pessoal com dinheiro do fundo. Ele também responde a processo interno por acúmulo de função. Machado, no entanto, nega todas as acusações.
Corrente com cadeados no portão, interfone com defeito, portas e janelas fechadas e um segurança que não sabe informar o horário de funcionamento do local. Essa é cena pra quem chega à sede do PHS numa quinta-feira à tarde. E o cenário já foi pior: há algumas semanas, tinha até tapumes cercando o terreno. Desde maio, a casa alugada num bairro nobre de Brasília para sediar as atividades do PHS está praticamente abandonada. Funcionários estão há três meses sem salários. Mas, o dinheiro continua entrando - de maio a julho o PHS recebeu mais de R$ 1,5 milhão do fundo partidário.
Quem está administrando os recursos é Eduardo Machado, presidente do PHS acusado de comprar carros e alugar imóveis para uso pessoal com dinheiro do partido. Ele também responde a processo interno por acúmulo de função: era secretário estadual de Goiás e recebia salário como presidente da legenda, pago com dinheiro do fundo. Ele nega todas as acusações e diz que é vítima de um golpe e que cercou a sede porque estava sendo ameaçado. Machado garante que o PHS sempre foi informado sobre os gastos e que comprou carro com dinheiro do partido porque é mais econômico que andar de avião: "A grande maioria dos partidos do Brasil gasta com locação de aeronaves, por mês, mais do que eu gastei na compra do veículo pelo ano inteiro".
[Mas, eles dizem que o senhor usava esse carro na fazenda do senhor...] "Mentira deles. Não existe nada disso", disse. Sobre os salários atrasados, o presidente do PHS alega que não paga porque ninguém está indo trabalhar. Os funcionários dizem que não trabalham porque a sede do partido está fechada.
Em maio, o PHS decidiu afastar Eduardo Machado, mas ele se recusou a sair. Trocou as fechaduras da sede e contratou seguranças para vigiar a casa. Tudo isso no dia em que a executiva nacional iria se reunir pra formalizar a saída dele da presidência. Até polícia foi chamada e o caso está correndo na Justiça Eleitoral. As decisões, até agora, favorecem Eduardo Machado. O PHS diz que ele está isolado no partido e reuniu o diretório nacional este mês pra eleger novo presidente. Laércio Benko ganhou por unanimidade e aguarda registro da chapa vencedora no Tribunal Superior Eleitoral, previsto para semana que vem. Até lá continua sem a chave do cofre. "Vamos retomar as atividades do partido, vamos começar a trabalhar e, principalmente, continuar a apuração de várias acusações que tem contra ele internamente por má gestão dos recursos do partido", afirmou Benko. O PHS tem sete deputados no Congresso. Na semana que vem eles devem analisar no plenário da Câmara, junto com outros parlamentares, a proposta que quer acabar com partidos pequenos, exigindo que uma legenda receba pelo menos 1,5% dos votos válidos em nove unidades da federação ou consiga eleger nove deputados federais em 2018 para ter acesso ao fundo partidário.