Quando o prazer de comer vem acompanhado de culpa extrema, seguida de métodos pouco ortodoxos para evitar o ganho de peso, é sinal de que algo sério pode estar acontecendo. Estes são os principais sintomas da bulimia, um transtorno alimentar considerado grave e que pode até levar a morte.
Geralmente, indivíduos com esse problema comem compulsivamente e, nas situações mais comuns, provocam o vômito. Há ainda casos de uso de laxantes, exercícios em excesso e jejum. Os resultados no corpo não demoram para aparecer: desidratação severa, distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e fadiga. Em casos mais extremos, podem ocorrer úlceras gástricas, dor de garganta e inanição.
A atriz Ana Paula Spohr sofreu com a situação ainda na adolescência. Além de buscar a perda de peso, a jovem buscava uma válvula de escape para outros problemas.
“No início, a ideia era só vomitar quando eu comesse demais, mas com o passar do tempo eu vomitava depois de qualquer refeição. Como eu me sentia culpada por fazer isso, e meio mal, eu passei comer só uma vez por dia. Eu tinha exatos 10 minutos pra comer e 15 minutos pra vomitar”, desabafa.
Não existem dados oficiais sobre a população que sofre com este mal no Brasil. Especialistas na área acreditam, no entanto, que o percentual de pessoas que possuem a enfermidade seja similar ao dos Estados Unidos, onde 1% e 0,1% de jovens do sexo masculino e feminino, respectivamente, são acometidos pelo transtorno.
Para o médico pós-graduado em Nutrologia, Carlos Roberto Reginato, cuidados com o corpo e o peso são essenciais, desde que não haja exageros.
“Quando uma pessoa tem um físico saudável, mas que não corresponde com o ideal pessoal dela e esse fato gera problemas emocionais e/ou sociais, aí temos o início do problema”, explica.
O tratamento para o transtorno deve incluir consultas com médico, nutricionista e psicólogo e, em alguns casos, educador físico. A prática de exercícios físicos pode contribuir na redução da ansiedade, elevação do humor e equilíbrio do peso.
“Os esportes são sempre muito bem-vindos para auxílio de praticamente todas as patologias, a não ser as que têm limitações à atividade física. O esporte ajuda a aumentar a produção de hormônios ligados ao bem-estar, felicidade, o que colabora e muito para todos os tratamentos”, assinala Reginato.
O mesmo espelho que refletia a imagem que tanto incomodava Ana Paula foi o responsável por sua salvação.
“Em algum momento, naquele reflexo, eu me vi totalmente deformada, sem vida. Eu sempre fui alto astral, palhaça, brincalhona, liberal, e eu tinha me tornado uma pessoa sem vida, triste, que chegava em casa no final de semana, fechava todas as janelas, e só saía na segunda para a aula. Não lembro exatamente como, mas sei que aos poucos eu fui diminuído a frequência dos vômitos e voltando a ser o que eu era, com mais vida. No segundo semestre da faculdade, eu entrei para o teatro e aí então eu me encontrei de verdade, e foi uma terapia linda”, comemora.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo oferece tratamento gratuito para pacientes de todo o país.
O atendimento consiste em uma abordagem multidisciplinar com médicos psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e educadores físicos.
Revisão técnica Prof. Dr. Max Grinberg Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP Autor do blog Bioamigo