Questionado sobre o que seria desvio de finalidade, Janot, no evento na Universidade George Mason, disse que não iria "antecipar juízo de valor"
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta (19) em Washington que vai analisar as mudanças de cargos feitas pelo governo para garantir votos na Câmara contra a denúncia sobre o presidente Michel Temer se houver "desvio de finalidade".
"Se é um jogo político, isso faz parte do jogo político. Agora, se houver um desvio de finalidade, nós vamos analisar para ver o que se passa e em que extensão se passa", disse Janot ao ser questionado sobre reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" mostrando que o governo já começou a promover as primeiras trocas de cargos.
Segundo a publicação da "Folha de S.Paulo", o Diário Oficial da União (DOU) desta quarta traz três nomeações de indicados por apoiadores de Temer e uma exoneração que seria uma punição à deputada Renata Abreu (Podemos-SP), que votou contra Temer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na semana passada.
Questionado sobre o que seria desvio de finalidade, Janot, no evento na Universidade George Mason, disse que não iria "antecipar juízo de valor" sobre uma questão que possa ir para a sua apreciação.
Janot é autor da denúncia de corrupção passiva apresentada contra Temer com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS.
A sessão para começar a apreciar a denúncia no plenário da Câmara está marcada para o dia 2 de agosto. São necessários 342 votos entre os 513 deputados para aprovação da denúncia.
Nesta quarta, também em Washington, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que o governo tem uma "base sólida de 252 deputados". "Quem tem que produzir 342 é a oposição. É preciso mudar a equação", disse. "Não é o governo que tem que prover o quórum. Para ele basta um terço e ele tem mais de um terço."
Em sua palestra na universidade, no fim do dia, Janot explicou todo o processo da Lava Jato e enfatizou a importância da colaboração internacional para a operação.
Segundo o procurador-geral, foi um desafio para "o país do jeitinho" conquistar a confiança dos outros países para fazer cooperação jurídica.
"Tivemos que olhar nos olhos das pessoas e dizer 'confie que vou cumprir'. Tivemos que investir nessa questão da confiança."