Janot, que deixa o cargo em setembro, disse não ter visto nada de extraordinário no questionamento da sucessora, nomeada por Temer no fim de junho
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta-feira (19), durante evento em Washington, que o orçamento da Lava Jato para 2018 está "garantidíssimo" e negou que haverá redução do valor destinado à operação.
"[O orçamento] está garantidíssimo, é prioridade da procuradoria na minha gestão", afirmou Janot ao comentar o questionamento de sua sucessora, a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, sobre o valor reservado para a operação. "Se vai ser [prioridade] na dela [Dodge], não sei, mas na minha está garantido o orçamento sim."
Em ofício com 40 questões sobre a proposta orçamentária para o ano que vem, que prevê deficit, Dodge diz que a força-tarefa da Lava Jato sediada em Curitiba/PR solicitou R$ 1,65 milhão e que foi apresentada uma proposta de somente R$ 522,7 mil. "Qual a razão dessa redução para a força-tarefa da Lava Jato?", questionou no documento.
"O orçamento da Lava Jato não foi reduzido não. Isso não é verdade", disse Janot, após uma palestra no think tank Atlantic Council, na capital americana. "O que eu posso dizer que foi destinado para a Lava Jato para 2018 é mais do que 2017."
Segundo o procurador-geral, o valor de R$ 1,65 milhão "era uma expectativa em cima de um índice inflacionário que viria". "Então é tudo expectativa, é tudo expectativa. Proposta orçamentaria é expectativa."
Janot, que deixa o cargo em setembro, disse não ter visto nada de extraordinário no questionamento da sucessora, nomeada por Temer no fim de junho como parte de estratégia do presidente Michel Temer de qualificar uma voz dissonante à do procurador.
"Ela tem acesso à proposta orçamentária porque ela tem que votar. Na [próxima] terça-feira ela estará lá na sessão do conselho votando, e ela vai poder dizer 'voto ou não voto, concordo ou não concordo', e dar as razões dela", disse.
GRAMPO DE TEMER
O procurador-geral negou que autoridades de investigação brasileiras e americanas planejaram gravar o presidente Temer durante uma viagem aos Estados Unidos em maio, que não ocorreu.
Segundo reportagem publicada pelo "Valor" na última terça (18), as negociações entre os agentes dos dois países estariam em estágio "avançado", mas a ação não foi levada adiante porque Temer desistiu da viagem a Nova York.
"Não teve [essa negociação]. Eu desconheço [a informação], não sei de onde veio", disse Janot, que na segunda-feira havia se encontrado com representantes do Departamento de Justiça americano.