O ex-presidente da Câmara e deputado federal cassado aguarda um posicionamento dos investigadores
Preso desde outubro do ano passado em Curitiba (PR), o ex-presidente da Câmara dos Deputados e parlamentar cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entregou os anexos de sua proposta de delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR). O material é analisado pelos investigadores. A entrega teria ocorrido na última sexta-feira (7/7), de acordo com informações do jornal Valor Econômico.
Na proposta, Cunha deve revelar esquemas de propina e pagamento de caixa 2 a campanhas de seus correligionários, além de traçar o caminho do recebimento de dinheiro sujo por pelo menos meia centena de políticos. Entre eles, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e seus mais próximos aliados.
O deputado cassado e seu operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro — que está preso em Brasília — têm acenado de forma concreta a intenção de confessar seus crimes e delatar os envolvidos. Entretanto, somente um deles se tornará colaborador da Justiça.
Formalmente, a delação de Cunha está mais avançada. Porém, o histórico do processo de negociação do acordo e o estágio já adiantado da Lava Jato representam um empecilho para o ex-presidente da Câmara. Além disso, ele não delatou desde sua prisão. Funaro, por sua vez, implicou o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, que cumpre prisão domiciliar, por obstrução à Justiça.
Inicialmente, Cunha se mostrava relutante em propor colaboração. Mas, agora, se apressa para tentar deixar a cadeia. Ele planejava esperar a saída de Rodrigo Janot do comando da PGR, em setembro, para propor o acordo. O peemedebista, no entanto, notou que a sucessora do procurador, Raquel Dodge, sabatinada nesta semana no Senado, deve endurecer as investigações da Lava Jato. Por isso, Cunha corre contra o tempo para apresentar a proposta a Janot.