Prazo do saque do FGTS inativo vai até o dia 31.
Quando foi anunciado que seria liberado o saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Trabalho (FGTS), Fabio Silva, de 27 anos, achou que o dinheiro viria em boa hora, pois está desempregado. Mas, ao tentar retirar os valores de suas cinco contas inativas, descobriu que todas já haviam sido sacadas em outro estado. E seu caso não é o único. Há diversos casos de fraude nos saques das contas inativas do FGTS pelo Brasil.
Uma operação da Polícia Federal prendeu pelo menos 30 pessoas nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos no fim de semana por fraude no saque do FGTS. O esquema envolvia fraudes em sites falsos da Caixa e vendas de dados roubados das contas.
A Caixa Econômica liberou a partir de março o saque de contas inativas do FGTS. Os saques seguem um calendário de pagamentos de acordo com o aniversário do beneficiário. O prazo final é dia 31 de julho.
Como é preciso abrir uma investigação para saber o que aconteceu, os saques são adiados até que a situação seja resolvida. O G1 ouviu quatro trabalhadores que foram lesados. Eles reclamam da demora e da falta de informações por parte da Caixa Econômica Federal. O G1 entrou em contato com a Caixa Econômica e aguarda posicionamento.
Silva, que é de Recife, teve seu dinheiro sacado em Teresina. “Soube do roubo quando fui sacar em maio e não tinha nada. São cerca de R$ 1.300, esse dinheiro faz muita falta”, diz. Segundo ele, as cinco contas foram sacadas no mesmo dia.
Ele tenta resolver a situação desde o dia 12 de maio. Os prazos informados pela Caixa Econômica para resolver o problema vão se prolongando. Ele teve de comprovar o roubo do dinheiro e agora aguarda a conclusão do procedimento de contestação, que é a negação de saque das contas inativas, e verificação oficial de onde foram efetuadas as retiradas do dinheiro.
Na semana passada, ele esteve na agência e foi informado de que faltava ainda bloquear a sua senha, o que acabou atrasando ainda mais o processo. Sua maior queixa é a falta de uma informação concreta sobre seu caso e a demora em resolver tudo.
“Cada hora é uma coisa que precisa fazer e não fazem tudo de uma vez. E a gente fica sem saber o que está acontecendo”, reclama.
‘Fui roubada e ninguém dá uma resposta’
A operadora de monitoramento Priscila Barbosa, de 24 anos, também espera desde maio por notícias do dinheiro de suas três contas inativas, no valor total de R$ 1.300, que foi sacado em Olinda (PE). Ela é de São José (SC). “Quando fui sacar, o funcionário me perguntou se alguém tinha acesso ao meu cartão ou a algum documento meu. Moro sozinha e o Cartão do Cidadão fica somente em minha posse”, conta.
No mesmo dia em que soube do saque indevido, ela entrou com processo de contestação e, desde então, aguarda uma resposta da Caixa. Só que ela não sabe como está seu processo porque o banco não forneceu ainda o número do protocolo. Priscila conta que no dia em que descobriu a fraude havia outras três pessoas na agência passando pela mesma situação.
“Fui roubada e ninguém dá uma resposta. Para sacar meu FGTS só precisaram do número do meu PIS. Aí eu vou lá com todos os meus documentos saber de uma resposta e o funcionário diz que não pode me passar por questão de segurança”, reclama.
‘Esse dinheiro é fruto de trabalho suado’
A assistente social Tâmisa Castro Almeida, de 39 anos, descobriu que o dinheiro de uma das duas contas inativas foi sacado em Diadema, no ABC paulista, no mês passado. Ela mora em Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. O saque foi feito na conta de maior valor – R$ 1.100. A outra de R$ 408 ela conseguiu retirar.
“Abri contestação, mais depois disso nenhum atendente sabe informar coisa nenhuma. Já liguei nos telefones da Caixa e nenhuma resposta”, diz. Tâmisa diz que esteve na agência cinco vezes, sem conseguir uma resposta concreta.
“É revoltante porque esse dinheiro é fruto de trabalho suado, um dos poucos direitos adquiridos pelo trabalhador, num país de corruptos. Não importa se é pouco, mas é meu, eu trabalhei e mereço receber”, diz.
'Na hora entrei em desespero'
Evelin Rocha, de 27 anos, conseguiu sacar R$ 1,7 mil de uma das sete contas inativas em maio. As outras seis, com os cerca de R$ 1 mil restantes, haviam sido sacadas no bairro Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Ela mora em Poá, na região metropolitana de São Paulo.
O saque foi efetuado sem cartão porque o valor de até R$ 1,5 mil consegue retirar só com o número do PIS e a senha. "O atendente me informou que só não sacaram os R$ 1,7 mil por causa disso. Na hora entrei em desespero porque era um dinheiro que já estava contado. Tenho um bebê de 1 ano e estou desempregada", conta.
Ela pegou todos os comprovantes dos saques indevidos e registrou boletim de ocorrência. Desde então, vai toda semana na Caixa Econômica verificar o andamento do processo e não obtém nenhuma resposta.
"Pergunto se tem algum prazo me informam que não", conta.
"Estou esperando até hoje e nada, eles não ligam. Vou lá na Caixa e eles não sabem informar nada. Me sinto humilhada. Uma falta de respeito", lamenta.