Estimativa do crescimento de 50% é da delegada titular da DRCI, Daniela Terra. Ela pede atenção dos pais e explica estratégias dos criminosos.
O número de inquéritos envolvendo casos de pedofilia que começam ou são cometidos com o auxílio da Internet aumentou em torno de 50% no Rio, segundo a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), entre os meses de junho de 2016 e junho de 2017. Segundo a delegada titular da especializada, Daniela Terra, os pais devem ficar atentos às mensagens que os filhos trocam na internet. Os dados foram antecipados pelo jornal O Dia e confirmados pelo G1.
A delegada também deu dicas para que os pais evitem que as crianças sejam vítimas e reforçou a mensagem de que ninguém pode manter ou enviar fotos e vídeos íntimos envolvendo crianças e adolescentes.
"Você também estará cometendo um crime de pedofilia. Meu apelo é esse: não compartilhe, mesmo que seja para alertar", garantiu Terra. Para ela, é preciso um controle maior dos pais em relação ao que os filhos fazem na internet, cuja disseminação através de smartphones tornou o perigo permanente.
"Os pais precisam se reeducar. Os casos aumentaram nessa medida porque há cada vez mais acesso às redes, para crianças cada vez mais novas. Por isso, os pedófilos intensificaram seus ataques", explicou ela, que diz ainda que hoje se fala mais aberta e claramente sobre o assunto.
As vítimas, em sua maioria entre 8 e 14 anos, tem sido muito atraídas por uma estratégia usada em cada vez mais casos investigados pela polícia:
"Uma pessoa faz um perfil falso de uma personagem que tem apelo infantil ou infanto-juvenil, e a criança não tem a 'maldade' de saber se é o verdadeiro perfil ou não. O 'ídolo' começa a conversar com a criança, e conquista a confiança dela. Aí, parte para o: 'tirei uma foto da minha parte intima, vamos ver se a nossa é igual?'. Depois disso, ou diz que vai contar para a mãe da criança e pede dinheiro, ou some com as fotos e vídeos", explicou a delegada, que explica que essa modalidade de aproximação acontece em cerca de 80% dos casos de pedofilia. "A criança nessa idade não está na sua maturidade completa, e o pedófilo se aproveita disso".
Casos recentes Recentemente, um caso envolvendo duas adolescentes chamou a atenção na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. Um zelador de um prédio mantinha uma câmera no banheiro para obter imagens das duas enteadas nuas. O crime foi descoberto pelo síndico do prédio, que havia esquecido um pendrive na administração do prédio. Sem saber que o zelador também tinha deixado um pendrive no setor, o síndico conectou o dispositivo a um computador e se deparou com imagens das duas meninas nuas. O inquérito já foi encaminhado para o Ministério Público, que agora analisa se aceita e transforma o documento em uma denúncia. O zelador responde ao inquérito em liberdade.
Em outro caso recente, a família de uma menina de 12 anos confirmou que ela teve fotos vazadas e compartilharas por grupos de WhatsApp. Eles foram até a sede da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI).
A delegacia agora investiga se o jovem de 16 anos, que ela conheceu pela internet e para quem ela enviou imagens íntimas, foi o responsável pelo vazamento. Os investigadores também querem definir quantas pessoas que receberam as fotos e compartilharam o material, e que também podem ser indiciados pelo crime de pedofilia
Importância do registro Segundo a delegada, muitos pais de vítimas não fazem registros. "Quando o registro acontece, ou é porque o pedófilo já agiu de alguma forma ou tentou agir. Quando ele age, é muito triste a situação, porque os pais se sentem responsabilizados, e as vítimas recebem uma carga de culpa", lembra a delegada.
Por fim, Terra afirma que Nós temos um sistema de trabalho com o próprio FBI, que fez com que prendessemos 8 pedófilos ainda esse ano. Nosso trabalho não acabou, e nós vamos atrás desses pedófilos", garantiu Daniela Terra.