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MANCHETE: Temer decide indicar Raquel Dodge para chefiar a PGR





Denunciado sob corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer anunciou a indicação da subprocuradora Raquel Dodge para substituir o procurador-geral Rodrigo Janot, cujo mandato termina em setembro.


Dodge é considerada um nome de oposição à atuação do atual procurador-geral, que apresentou denúncia na segunda-feira (26) contra o presidente, que chamou a peça de "ficção".


O anúncio foi feito nesta quarta (28), mesmo dia em que o peemedebista recebeu a lista tríplice para o cargo promovida pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).


Por ser uma espécie de antítese de Janot, o Planalto acredita que o nome de Dodge não terá dificuldades de ser aprovado no Senado. O presidente chegou a pensar em nomear Bonsaglia, mas ficou com receio de que suas posições moderadas contra o atual procurador-geral pudessem dificultar sua aprovação.


A indicação de Dodge será publicada na edição desta quinta-feira (29) do "Diário Oficial da União". Com a iniciativa, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), poderá marcar a sabatina. Se for aprovada pelos senadores, será a primeira mulher a comandar a PGR.


Um dos principais assessores de Temer, Moreira Franco (Secretaria-Geral) disse que a decisão do presidente "surpreendeu", mas teve o objetivo de "criar condições para que a nova procuradora-geral faça uma transição serena". "Não tem tanta maquinação na atividade política. A ideia [de acelerar a nomeação] surgiu ao longo do dia", disse o ministro à Folha.


Após a oficialização, Dodge se reuniu por cerca de uma hora com Eunício no Senado para discutir o processo de votação de seu nome. O encontro não estava na agenda de Eunício e foi feito com discrição.


O Palácio do Planalto quer realizar a sabatina pelos senadores o mais rápido possível, para evitar que um eventual agravamento da crise política possa inviabilizar a sua nomeação.


A ideia é que a indicação seja lida nesta quinta-feira (29) no plenário do Senado e enviada para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), principal passo para a votação.


Dodge foi a segunda colocada na eleição da categoria de procuradores da República. Em primeiro, ficou Nicolao Dino, aliado de Janot e que defendeu no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a cassação da chapa Dilma Roussef-Michel Temer. O terceiro foi Mario Bonsaglia.


Ao escolher Dodge, Temer quebra uma tradição iniciada em 2003, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de respeitar a ordem da lista tríplice e escolher o primeiro colocado.


Antes do anúncio oficial, Temer se reuniu com a subprocuradora, no gabinete presidencial, para informá-la da escolha. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, também participou do encontro.


No mesmo dia, pela manhã, Temer consultou Eunício sobre a nomeação. À tarde, o presidente do Senado se reuniu com o presidente da CCJ, Edison Lobão (PMDB-MA).


A rapidez na indicação teve como objetivo evitar a pressão da categoria para que o presidente escolhesse o primeiro da lista.


Além disso, em uma disputa aberta com o atual procurador-geral, o peemedebista quis qualificar uma voz dissonante a Janot.


Ele pretendeu ainda evitar que o nome da subprocuradora ficasse exposto a ataques de aliados de Janot, o que poderia desgastar sua imagem para o cargo.


Nas últimas semanas, o nome de Dodge foi vinculado nos bastidores a caciques do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP). Ela sempre negou ligações com os peemedebistas.


A base aliada do governo vinha pressionando o Palácio do Planalto para que não escolhesse um nome ligado a Rodrigo Janot.


Além de uma rejeição geral a membros do Ministério Público, pesou o fato de muitos parlamentares serem alvo da Procuradoria no âmbito da Lava Jato.


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