A União calcula que seu patrimônio imobiliário tenha um valor de mais de R$ 7 bilhões, mas está com dificuldade de fazer dinheiro com isso
A União calcula que tenha 650 mil imóveis em seu nome, entre apartamentos, casas e terrenos em todo o país. A gestão desse imenso patrimônio, que inclui milhares de imóveis desocupados, deve passar por mudanças. Com dificuldade de simplesmente vendê-los, o governo quer virar uma espécie de agente imobiliário, que faz a gestão dos imóveis para investidores.
Está sendo estudada pelo governo a criação de fundos imobiliários para gerir seu patrimônio. A ideia é que eles tenham os imóveis como lastro e levantem dinheiro no mercado para reformas e edificações para posterior locação ou revenda. O rendimento do negócio seria dividido entre o governo e investidores.
Na semana passada, foi assinado um acordo com a Caixa Econômica e, até o fim da semana, será firmado um segundo com o Banco do Brasil para a criação de um fundo em cada instituição. Caberá aos dois bancos administrar cada uma das carteiras, com o compromisso de torná-las rentáveis para os cotistas dos fundos. Caixa e BB terão 90 dias para apresentar propostas de modelagem dos fundos, que o governo pretende lançar ainda neste ano.
A medida é uma tentativa de aliviar o caixa do Tesouro, que tem de arcar com taxas de condomínio, manutenção e impostos de imóveis muitas vezes desocupados. Hoje, muitos dos apartamentos funcionais de propriedade da União dão prejuízo. Só em Brasília, são 225 imóveis desocupados e um passivo de mais de R$ 12 milhões relativos a condomínio, IPTU e outras taxas.
Com o aperto fiscal, desde 2015 o governo tenta levantar recursos a partir da carteira de imóveis da União, mas vem enfrentando dificuldades. Já foram lançados editais para a venda de bens que, de acordo com o secretário do Patrimônio da União, Sidrack Correia, só venderam 15% dos imóveis listados. Além disso, o governo cogitou colocar parte desses imóveis em um fundo garantidor para investimentos em infraestrutura, mas a ideia não foi colocada em prática. “Estamos buscando alternativas. Existem muitos imóveis que estão depreciando”, diz Correia.
A última estimativa, feita pelo valor patrimonial dos imóveis cadastrados, apontava um valor de R$ 7 bilhões desses bens, o que, pela avaliação de mercado, poderá ser maior. Para o secretário, apesar de o mercado de compra e venda de imóveis estar em baixa, há espaço para investimentos em fundos imobiliários. Com a taxa Selic em baixa, muitos investidores estão migrando de aplicações em renda fixa para fundos com rendimento mais alto. “Há mercado para os fundos. Isso vem sendo estudado há algum tempo”, completou.
Ele criticou as tentativas de vendas de imóveis em governos anteriores e disse que os editais eram muito complexos e com muitos imóveis. O primeiro tinha 240, com perfis diferentes. Na última rodada de vendas, nesta semana, foi oferecido um pacote menor, com 24 apartamentos e uma casa, todas em Brasília. Também foram colocadas equipes à disposição dos compradores para tirar dúvidas. “Estamos fazendo um teste para ver como o mercado vai reagir”, completou. Mesmo com a criação dos fundos, a ideia é continuar vendendo casas e apartamentos, principalmente os que já foram colocados em edital anteriormente.