Irmãos Batista haviam solicitado que o grupo pudesse vender frigoríficos na América Latina adquiridos com financiamento do BNDES
O juiz da 10ª vara federal de Brasília, Ricardo Leite, negou o pedido de suspensão de medidas cautelares feito pela defesa dos irmãos Joesley Batista, Wesley Batista e de executivos da JBS. Eles queriam, entre outras solicitações, poder vender ao grupo Minerva frigoríficos que foram adquiridos por meio de financiamento do BNDES.
A venda foi fechada no início de junho, por US$ 300 milhões, e envolve todas as ações das subsidiárias da JBS com operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai. O negócio foi primeira venda de ativos da empresa desde os escândalos da operação Carne Fraca e a delação premiada dos donos da JBS, que colocaram a empresa no centro do noticiário político.
No entanto, o juiz afirmou que no momento, vê como "prematura qualquer decisão judicial para liberar a venda de ações" requerida pelo grupo.
Ricardo Leite escreveu que financiamentos do BNDES para o grupo são alvo de investigação na operação Bullish, e que as medidas cautelares com proibições de fecharem negócio devem ser mantidas para garantir a instrução do processo.
O juiz disse ainda que, no acordo de delação premiada, os irmãos Batista se comprometaram a esclarecer os fatos e apresentar provas num prazo de 120 dias. Para Leite, não há razão, "antes de expirado esse prazo, para o levantamento desta cautelar".
A defesa dos irmãos Batista alegava que, como os dois fecharam acordo de delação premiada, as medidas cautelares impostas pela Justiça deveriam cair.
Joesley Batista prestou depoimento nesta quarta-feira (21) na superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, para esclarecer supostas irregularidades nos contratos firmados entre o frigorífico JBS e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O caso é investigado pela Operação Bullish.
Os investigadores miram o aportes do BNDES, por meio do BNDESPar – braço de participações do banco de fomento –, no frigorífico da família Batista.
Segundo a PF, há indícios de "gestão temerária e fraudulenta" por parte do BNDES e corrupção de agentes públicos. Os aportes do banco público, realizados de 2007 a 2011, tinham como objetivo a aquisição de empresas do ramo de frigoríficos, no valor total de R$ 8,1 bilhões.
A suspeita é que o BNDES tenha favorecido a JBS, da qual a BNDESPar detém 21%. A investigação cita, por exemplo, a compra de ações da JBS supostamente por preço superior à média na Bolsa de Valores e o curto prazo para análise de operações financeiras por parte do banco.
De acordo com os investigadores, há indícios de que o banco público tenha acumulado um prejuízo de R$ 1,2 bilhão com as operações envolvendo o frigorífico da família Batista.