Decisão do STF sobre Andrea Neves é mau sinal para Aécio
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tende a apresentar a denúncia contra o presidente Michel Temer a partir do dia 26 de junho, uma segunda-feira.
Com a decisão do ministro do STF Edson Fachin de estender em mais cinco dias o prazo do inquérito da PF (Polícia Federal), Janot não precisa aguardar a conclusão dessa investigação para oferecer a denúncia ao Supremo Tribunal Federal. Mas deve fazê-lo.
Com a conclusão da Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República também apresentaria na denúncia os argumentos obtidos pela PF contra o presidente. Também estará concluída a perícia da gravação da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista.
Apesar de divergências que ocorrem com certa frequência entre policiais federais e procuradores da República, Janot quer reunir o maior número possível de argumentos. A munição do inquérito da PF reforçaria dados do Ministério Público. A consistência dessa denúncia será fundamental para ditar o rumo da atual crise.
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Mau sinal
A decisão da Primeira Turma do STF que manteve Andrea Neves na prisão é um mau sinal para o irmão, Aécio Neves. As acusações contra ele são mais graves do que em relação à irmã.
Se a Primeira Turma, por placar apertado, 3 a 2, entendeu que havia motivos para manter presa a irmã, é possível que tenha interpretação semelhante ou mais dura em relação a Aécio.
Apesar de afastado das funções de senador, ele tem mandato parlamentar. Alguns ministros do STF dizem que, se a Primeira Turma decidir prendê-lo, o Senado precisará ser comunicado e aprovar em 24 horas a ida dele para a prisão. Logo, há complicadores jurídicos e políticos. Muitos senadores são investigados pela Lava Jato. Pode haver espírito de corpo.
No entanto, como aconteceu uma ação controlada da Polícia Federal, o Ministério Público argumenta que essa ação permite configurar flagrante e facilitaria a decisão da Primeira Turma no sentido de prisão.
Politicamente, se for decretada, a prisão terá efeito simbólico enorme, porque Aécio Neves ainda preside o PSDB. Está licenciado do cargo. Os tucanos apoiaram o impeachment e apostaram num discurso profundamente moralista nos últimos anos. Aécio foi líder desse movimento do PSDB e acabou devorado pela Lava Jato.
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Moreno
Jorge Bastos Moreno, que morreu na madrugada de hoje, gostava de ser repórter. Teve uma carreira de sucesso marcada pela busca da informação. Era um jornalista com foco na notícia, no furo, um curioso como todo bom repórter deve ser.
Sabia que ter informação é fundamental para analisar e opinar, outras funções do jornalismo que ele também desempenhava bem e com um humor fino, irônico e inteligente. Cuidava do texto. Sabia escrever.
As colunas de sábado no Globo sobre os bastidores da política eram leituras obrigatórias. Ele tinha acabado de estrear um programa na CBN com ótimas entrevistas.
Foi um jornalista muito bem-informado e um grande anfitrião nos jantares e almoços que fazia na casa dele em Brasília ou apartamento no Rio de Janeiro, sempre com bons comes e bebes, espírito agregador e a marca da alegria.