"A ação é do PSDB. Se não entrar, está prevaricando", disse o líder do partido na Câmara
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), anunciou na noite desta segunda-feira, 12, que o partido vai recorrer da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de não cassar a chapa Dilma-Temer durante o julgamento concluído na semana passada. Segundo ele, a decisão foi tomada durante reunião ampliada da executiva nacional e de outras lideranças tucanas, quando o partido decidiu permanecer na base aliada de Temer.
"O partido vai recorrer, a forma como vai recorrer ainda não foi definida", disse Tripoli em entrevista coletiva. Para ele, o melhor caminho deve ser apresentar um recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a decisão do TSE. "A ação é do PSDB. Se não entrar (com recurso), está prevaricando. A incoerência seria não ocorrer", acrescentou o líder tucano, ao ser questionado se o recurso contradiz a decisão da maioria do PSDB de não desembarcar do governo.
Na entrevista, Tripoli afirmou ainda que houve "convergência" entre os presentes da reunião sobre antecipar as eleições para escolha de novos membros da executiva nacional do PSDB. A eleição, que escolherá o substituto definitivo do senador afastado Aécio Neves (MG) na presidência do partido, está prevista somente para maio de 2018. Como antecipou o Broadcast/Estadão no último dia 8 de junho, senadores e deputados querem antecipar o pleito para o segundo semestre deste ano.
Denúncia
O líder do PSDB afirmou ainda que vai orientar a bancada do partido na Casa a votar pela aceitação de eventual denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
"Não terá liberação de bancada nesse aspecto. O posicionamento será pela investigação. Não estou levando aqui se ela será positiva ou não. Mas toda investigação tem sido defendida pelo PSDB sempre. Seja com pessoas ligadas ao nosso partido ou não", afirmou Tripoli ao deixar reunião em que o partido decidiu permanecer na base aliada de Temer.
De acordo com o líder tucano, o PSDB, terceiro maior sigla na Câmara, com 46 deputados, vai "colaborar para que o fatos sejam elucidados a comunidade, a toda a população brasileira". "Essa é uma obrigação nossa, como deputados eleitos pela própria comunidade", acrescentou o parlamentar paulista, que é ligado ao governador Geraldo Alckmin.
No Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, a expectativa é de que Janot envie a denúncia até o fim de junho. Para que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa processar Temer, a imputação terá de ser aceita pela Câmara. Para que a denúncia seja aceita, são necessários votos favoráveis de 342 dos 513 deputados.
Se for aceita, Temer terá se der afastado do cargo por 180 dias, para que o Supremo o julgue. Caso o julgamento não seja concluído ao fim desse prazo, Temer retorna ao caso, mas continua sendo processado pela Corte.