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POLÊMICA: Delator diz a Moro que compra de terreno do Instituto Lula saiu do caixa 1 da Odebrecht

Ex-executivo disse que valor foi debitado de crédito de R$ 200 milhões do PT com a empreiteira




O delator Hilberto Mascarenhas da Silva afirmou ao juiz Sergio Moro, na tarde desta quarta-feira, que a Odebrecht comprou um terreno para o Instituto Lula com recursos do caixa oficial da empresa. De acordo com Hilberto, apesar do dinheiro ter saído da tesouraria da empreiteira, o valor de R$ 12,4 milhões teria sido debitado da planilha especial Itália, cuja contabilidade era controlada pelo setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propina.


Hilberto disse que Marcelo Odebrecht determinou que fosse feito o débito na conta Amigo — codinome que fazia referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — no crédito de R$ 200 milhões que a empresa acordou com o PT.


— Os recursos não saíram desse caixa meu. Os recursos saíram do caixa 1 da empresa, comprando um terreno. Mas como não tinha como debitar ao interessado, foi debitado aqui. Ou melhor, foi reduzido o valor do crédito que eles tinham —disse o delator — Você não compra um terreno com recursos em espécie.


Nas delações da empreiteira, ex-executivos já haviam confirmado ao Ministério Público Federal que a empresa fazia pagamentos de propina por meio de doações oficiais.


Além de Hilberto, também foram ouvidos hoje ex-executivos Márcio Faria e Rogério Araujo como testemunhas de acusação contra o ex-presidente Lula, na sede da Justiça Federal de Curitiba.


Faria reafirmou que parte da propina paga ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco era transferida ao PT.

— Via de regra, quando os pagamentos eram destinados à diretoria de Serviço, a gente pagava o Pedro Barusco. Ele mencionava que metade era para o que ele chamava de casa e o restante ao Partido dos Trabalhadores.


Lula é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber como propina da Odebrecht um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, esses imóveis foram comprados pela Odebrecht em troca de contratos adquiridos pela empreiteira na Petrobras. Lula nega as acusações.


Lula responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além de Lula e Marcelo, outras seis pessoas também são rés, como, por exemplo, o ex-ministro Antonio Palocci. A ex-primeira dama Marisa Letícia chegou a ser acusada, contudo, Moro decretou a impossibilidade de puni-la. Marisa morreu em fevereiro de 2017.


Em seu depoimento, o ex-diretor da Odebrecht Rogério Santos de Araújo contou ao Ministério Público Federal que sua função era fazer a interlocução da empreiteira com os diretores e gerentes da Petrobras, o que incluía a negociação de propinas. Araújo disse que sempre atuou na Petrobras pela empreiteira e que percebeu que, após a chegada do PT ao poder, houve um processo de politização da estatal.


— Quando o PT assumiu, (a Petrobras) ficou mais politizada. Isso era notório — disse.


Araújo afirmou que fazia acordos de propinas com funcionários da Petrobras como o ex-diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o ex-gerente executivo Pedro Barusco, mas negou que já tenha tratado com políticos. Para Araújo, a cobrança de propinas tornou-se a regra do jogo dentro da estatal e relatou pagamentos de vantagens indevidas nos contratos da RNEST, Comperj e nos contratos das plataformas P59 e P60.


— Se tornou uma ação sistêmica. Depois a coisa se infiltrou até para os gerentes de baixo.

*Estagiário sob supervisão de Flávio Freire



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