A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) abriu ontem (6) uma investigação penal para apurar o suposto recebimento pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff de US$ 80 milhões ilícitos em contas no exterior, conforme relatado por delatores do grupo empresarial J&F.
Os repasses foram relatados nos depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF) dos executivos Joesley Batista, um dos donos do J&F, e Ricardo Saud, diretor do frigorífico JBS, uma das empresas do grupo.
Segundo informações repassadas pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF), os delatores informaram que cada um dos ex-presidentes tinha uma conta distinta no exterior. Do total, US$ 50 milhões teriam sido destinados a Lula e US$ 30 milhões a Dilma.
O caso, segundo informou a PR-DF, guarda relação com a Operação Bulish, que investiga desvios no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e foi remetido à primeira instância. A Justiça Federal do DF ficará responsável por supervisionar o andamento do inquérito.
Outros cinco casos relacionados a Lula e Dilma e decorrentes das delações da J&F foram remetidos à procuradoria do Distrito Federal, mas ainda aguardam definição sobre a abertura ou não de novos procedimentos de investigação criminal.
Ao menos três desses casos estão relacionados a investigações já em andamento: dois com a Operação Sépsis, sobre desvios na Caixa Econômica Federal comandados pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ); o outro com a Operação Zelotes, que apura fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão de apelação que julga a cobrança de impostos.
No momento em que os depoimentos dos delatores da J&F se tornaram públicos, a ex-presidenta Dilma Rousseff divulgou nota classificando as declarações de Joesley de "improcedentes e inverídicas". No texto, ela reafirmou que, "mais uma vez, rejeita delações sem provas ou indícios".