Entre os processos, há os que investigam indícios de eventual prática de crime de insider trading, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais, já contabiliza oito processos abertos contra o frigorífico JBS, desde que foram divulgadas as denúncias de Joesley Batista, um dos sócios da empresa, contra o presidente Michel Temer. O primeiro processo foi aberto em 18 de maio e o último, na sexta-feira, 26.
Em sua página na internet, a CVM informa que o último processo foi motivado por notícias, fatos relevantes e comunicados — mesma justificativa dos demais. A única exceção foi o processo aberto no dia 19, que por conta de reclamação de investidor, não foram informados os detalhes das apurações.
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Segundo a comissão, entre os processos instaurados há os que investigam indícios de eventual prática de crime de insider trading, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS realizados no mercado à vista. A CVM apura também a atuação da companhia no mercado de dólar futuro.
Há informações de que o grupo J&F — que controla a JBS — operou no mercado financeiro para lucrar com os efeitos da delação premiada de seus controladores, que levou à forte queda na Bolsa de Valores e alta de 7,9% do dólar no dia 18, quando veio à tona.
Em 23 de maio, mais dois processos administrativos foram abertos para investigar a veracidade de informações divulgadas pela empresa e sua conduta ao fechar o acordo de colaboração premiada com a Justiça. Um deles busca analisar “a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos” da Blessed Holdings, companhia com sede nos Estados Unidos que faz parte do grupo de controle da JBS S.A.
Em outros dois processos, movidos na sexta-feira, 26, é investigada a atuação do Banco Original, controlado pela J&F Participações, no mercado de derivativos; e analisadas negociações do acionista controlador da JBS, a FB Participações S.A., com ações de emissão da companhia.
O acordo de colaboração premiada da JBS foi assinado e homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo acordo, sete executivos da JBS e da J&F se comprometeram a pagar multa de R$ 225 milhões e a colaborar com as investigações.
Crime
É a prática de negociar valores mobiliários baseada no conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público, com o objetivo de auferir lucro ou vantagem no mercado.