Dois dias após a divulgação da explosiva delação da empresa JBS, que revelou pagamento de propina em espécie e por meio de notas falsas, o diretor do Frigorífico Buriti, Eduardo Chramosta, 37 anos, morre em trágico e misterioso acidente na BR-262, em Terenos. A informação extra oficial é de que ele morreu em decorrência de asfixia mecânica e sem fraturas pelo corpo.
Na sexta-feira, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, homologa a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da maior produtora mundial de carnes, em que eles acusam o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), de receber R$ 38 milhões em propinas.
Quase um terço do montante teria sido pago por meio de notas falsas emitidas pela Buriti. Foram R$ 12,9 milhões, conforme as notas anexadas à delação premiada.
Menos de 48 horas depois, na manhã de domingo, Eduardo é encontrado morto após capotagem da caminhonete Hilux na BR-262. Não há testemunhas da tragédia e o corpo só foi localizado horas após o acidente.
O empresário estava muito nervoso no sábado à noite e decidiu retornar à Aquidauana, onde fica o frigorífico, na noite de sábado. Não há informação do motivo do nervosismo nem a causa da viagem repentina, segundo reportagem do Midiamax.
O Jacaré apurou que o empresário estava sem o cinto de segurança e foi arremessado para fora do veículo. A perícia preliminar indicou que ele não apresentou fraturas e morreu em decorrência de asfixia mecânica – a hipótese mais provável é que foi sufocado pela areia.
Em entrevista ao Midiamax, o delegado Fábio Brandalise, da Polícia Civil em Terenos, não está descartado a hipótese de que ele foi jogado para fora da pista por outro veículo. Neste caso, ainda persiste o caso de que tudo não passou de um acidente, mas também pode ter sido proposital.
A empresa Buriti não se manifestou sobre a delação da JBS.
O governador Reinaldo Azambuja negou qualquer irregularidade e acusou o grupo de mentir. Ele soltou nota na sexta-feira em que só admitia o pagamento, via direção nacional do PSDB, de doação de campanha e devidamente registrado na Justiça Eleitoral (R$ 10,5 milhões).
Reinaldo enfatizou que não aceitou propina em troca da concessão de incentivos, que somarão R$ 996 milhões entre 2015 e 2028. Ele até destacou que suspendeu benefícios da JBS desde que assumiu o governo há pouco mais de dois anos.