Ao TRE, vice de Hildon declarou recursos de empresa delatada pela JBS; gente do governo está envolvida, revela fiscal
O vice-prefeito de Porto Velho, Edgar Nilo Tonial, mais conhecido como “Edgar do Boi” declarou ao Tribunal Regional Eleitoral, nas eleições de 2016, “ter emprestado” para a empresa Rio Madeira Contabilidade Empresarial LTDA, R$ 400 mil. A Rio Madeira pertence ao contador Clodoaldo Andrade, que foi o chefe da transição da prefeitura entre as gestões Nazif/Hildon Chaves e também foi delatado por receber propina da JBS para evitar fiscalização nos frigoríficos da companhia em Rondônia.
Por “empréstimo” Edgar quis dizer que tem um crédito nesse valor junto ao escritório de Clodoaldo.
De acordo com o delator, Valdir Boni, o esquema funcionou, “entre 2012 e 2016 não tivemos nenhuma fiscalização na área”, afirmou. Ele declarou ainda que “não teve contato com servidores públicos” que estão envolvidos no esquema, “as tratativas eram feitas com Clodoaldo, que me cobrou até agora, recente”, destacou.
E quem são os fiscais?
Edgar do Boi não tem profissão definida, passava os dias no escritório do PSDC em Porto Velho recebendo políticos, servidores públicos e amigos. Foi, durante a gestão do ex-presidente da Assembleia, Neodi Carlos, também do PSDC, o “homem forte” do presidente. Mas suas relações na Sefin iniciam a partir de sua esposa, atualmente secretária-adjunta de Assistência Social da prefeitura de Porto Velho, Márcia Nonato Durães, que trabalhou durante 23 anos na Secretaria de Finanças do Estado e formada em Contabilidade.
Não que ela esteja envolvida nos esquemas do marido, mas através dela ele pode ter conhecido os fiscais corruptos, que foram “vendidos” por Edgar e Clodoaldo.
Um fiscal ouvido por PAINEL POLÍTICO esclareceu:
Não é qualquer fiscal que pode fiscalizar qualquer empresa ao seu desejo. Para qualquer fiscalização, a lei prevê que seja emitido pelo Gerente de fiscalização, uma DFE – Designação para Fiscalização de Estabelecimento.Ou seja, é o gerente de fiscalização que tem o poder de escolher qualquer empresa para fiscalizar, seja, mediante denúncia, quando a empresa cai na malha fiscal ou simplesmente se desejar fiscalizar.
Esse esquema é muito utilizado, principalmente com créditos fraudulentos. A empresa paga bem menos do que deveria pagar de ICMS e o responsável pelo setor de fiscalização, geralmente em conluio com algum político, ou com o próprio secretário ou governador, não manda fiscaliza a empresa.
O fiscal sozinho, da ponta, individualmente, dificilmente estaria envolvido. A não ser se ele for designado pra realizar uma auditoria na empresa e negligenciar a sua função, se corrompendo. Mas num esquema desses, certamente tem gente grande do governo.