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ALFINETADA: Depoimentos da Odebrecht complicam mais a situação da chapa Dilma-Temer no TSE

Defesa do presidente trabalha com adiamento do julgamento




As delações dos executivos da Odebrecht terão impacto direto no julgamento do processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois das revelações contundentes dos depoimentos, a situação de Temer se complicou. Ministros da Corte avaliam que ficou inviável absolver a chapa das acusações de abuso de poder político e econômico na campanha de 2014. No entanto, alguns integrantes do tribunal também ponderam que tirar Temer do cargo agora, enquanto o país convulsiona diante das acusações dos delatores, seria prejudicial não só politicamente, mas também no aspecto econômico.


— Os elementos que já existiam até agora eram fortes, mas esses depoimentos (da Odebrecht) dão maior clareza sobre o que ocorreu — disse um ministro.


— Existem elementos para condenar a chapa — concorda outro integrante do tribunal.


Hoje, há sobre a mesa apenas duas soluções possíveis para Temer se manter no comando do país caso a chapa seja condenada. A primeira delas, já costurada nos bastidores, seria interromper o julgamento com um pedido de vista. Colegas já esperam que o ministro Napoleão Nunes, o primeiro a votar depois do relator, Herman Benjamin, faça isso, jogando a discussão para um futuro indeterminado. A atitude contrariaria os interesses do relator, que quer ver o caso concluído logo — e, por isso mesmo, vai pedir para o julgamento ser marcado para maio.


Depois dos interrogatórios finais, será aberto prazo para advogados dos partidos e Ministério Público Eleitoral apresentarem suas alegações finais. Em seguida, Benjamin vai elaborar um relatório. A tendência é de que o relator libere o caso para o julgamento em plenário em meados de maio. O presidente do TSE, Gilmar Mendes, deve marcar a votação para o mesmo mês, com a opinião pública ainda contaminada pelas imagens dos depoentes falando com naturalidade do pagamento de propina a políticos.


GOVERNABILIDADE EM JOGO

Embora a delação dos executivos da Odebrecht não integre o processo no TSE, muitos executivos prestaram depoimento ao tribunal no mês passado, incriminando a campanha e repetindo as mesmas declarações dadas aos investigadores da Lava-Jato. Mesmo convencidos de que os indícios são contundentes contra a chapa, a palavra “governabilidade” tem sido pronunciada com frequência por integrantes do tribunal — daí a preocupação por costurar uma saída nos bastidores antes mesmo do julgamento ser iniciado.


Quando o TSE começar a julgar o processo, a ministra Luciana Lóssio já não estará mais no tribunal. O mandato dela se encerra em 5 de maio. A vaga deverá ser ocupada pelo advogado Tarcísio Vieira. No último dia 16, Henrique Neves deixou a cadeira para Admar Gonzaga. A dança de cadeiras no tribunal é comum. O processo contra a chapa Dilma-Temer foi aberto em dezembro de 2014 e, desde então, já trocou de relator duas vezes. Primeiro, era o ministro João Otávio de Noronha. Quando o mandato dele terminou, em 2015, o caso foi para as mãos da ministra Maria Thereza de Assis Moura. No ano passado, o processo foi transferido para Benjamin.


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