Atos contra os cortes na ciência estão previstos em mais de 500 cidades ao redor do mundo
Neste sábado, Dia Internacional da Terra, 517 cidades ao redor do mundo sediaram marchas pela ciência. O movimento, impulsionado pelos cortes na área, visa a difundir a prática científica, enaltecendo sua importância para a sociedade. No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tem, para 2017, o menor orçamento em doze anos, com 2,8 bilhões de reais, o que impulsionou protestos em 23 municípios, segundo os organizadores, incluindo as capitais Belo Horizonte, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
“No Brasil, temos uma carência de investimentos em pesquisa e de políticas públicas. Estudos que podem trazer benefícios à saúde pública, ao meio ambiente e novas tecnologias sustentáveis enfrentam a falta de apoio das autoridades”, afirma Felipe Simões, aluno de Biologia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos organizadores da Marcha Pela Ciência de São Paulo recebeu apoio de institutos universitários e veículos e canais do YouTube especializados na divulgação científica.
A ideia partiu de cientistas americanos, como resposta aos cortes do governo Trump. Inspirados pela marcha das mulheres, que aconteceu em diversos países um dia após a posse do presidente dos Estados Unidos, eles começaram a discutir a proposta nas redes sociais. Muitos aderiram ao propósito, que tomou corpo, sendo apoiado por importantes sociedades científicas, como a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla e inglês) e institutos de pesquisa, como o MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Uma das primeiras idealizadoras da marcha foi Jacquelyn Gill, pesquisadora em mudanças climáticas da Universidade de Maine, nos EUA. Em seu perfil no twitter, ela defende o ato como o princípio de um movimento de valorização da ciência. “Estou confusa por pessoas que dizem que ‘uma marcha não é suficiente’. Marchas nunca são destinadas a serem pontos finais. São apenas o começo”, escreveu a ecologista.
As maiores marchas estão previstas para acontecerem nos EUA, especialmente na capital Washington, onde a caminhada seguira até a Casa Branca. Demais metrópoles como Berlim, Hong Kong, Londres, Paris, Lisboa, Sidney e Pequim também terão protestos.
O objetivo da marcha no Brasil, além de protestar contra os cortes e falta de incentivo do governo, é aproximar a área da população, comenta Flávia Virginio Fonseca, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “As pessoas não se interessam pela ciência e parte disso se deve à falta de preparo dos próprios cientistas para lidar com a divulgação dos estudos de maneira fácil e objetiva. A ciência deve ser inclusiva”, comentou Flávia em comunicado da organização da Marcha pela Ciência de São Paulo.