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GRAVE: Ministro ‘Jujuba’ pagou quase R$ 1 milhão às empresas dos primos

  • DIÁRIO DO PODER
  • 18 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

Na prestação de contas ao TSE, não há pagamentos às 2 empresas


O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, autorizou a Polícia Federal a levantar as obras da Odebrecht ‘no local de origem’ do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE). A determinação de Fachin alcança ainda todas as emendas parlamentares propostas pelo tucano, no período em que ele estava na Câmara.


Segundo as investigações, o ‘Jujuba’, codinome de Bruno Araújo na lista da propina da Odebrecht, R$ 997 mil à duas empresas controladas por seus primos nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. A corrida do tucano à Câmara dos Deputados, em 2010, também é investigada na Lava Jato.


Manoel Araújo da Silva Neto, primo do ministro, controla a Empresa de Pesquisas Técnicas (Nome Fantasia: Exatta), que levou R$ 650 mil em 2014. A Exatta foi destinatária dos dois maiores valores pagos na campanha de 2014: R$ 280 mil e R$ 240 mil.


Luciana Souza Araújo Fraga Rocha controla o Instituto Exatta – Pesquisas de Opinião e Mercado Eireli – ME (Nome Fantasia: Exata). Em 2010, a empresa, cujo nome era Souza Araújo Serviços de Informática, recebeu R$ 347 mil.


Bruno Araújo recebeu R$ 600 mil não contabilizados da Odebrecht, segundo o executivo João Pacífico Ferreira, um dos delatores da empreiteira na Lava Jato. O delator, que ocupou o cargo de diretor-superintendente da área de infraestrutura nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste da Odebrecht, afirmou que o hoje ministro era uma ‘aposta’ da empreiteira na política.


João Pacífico afirma que foi pago, em 2010, para Bruno Araújo, um total de R$ 300 mil. Naquele ano, o tucano concorria ao cargo de deputado federal. Em 2012 foram repassados ao atual ministro mais R$ 300 mil como apoio aos candidatos do PSDB em Pernambuco.


Bruno Araújo concorreu à Câmara em 2006, 2010 e 2014.


Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há pagamentos às duas empresas com nome fantasia Exatta em 2006. Na campanha daquele ano foram gastos R$ 769.676,83.


Quatro anos depois, em 2010, há cinco depósitos à Exatta no total de R$ 347 mil. O tipo de despesa foi classificado como ‘pesquisas ou testes eleitorais’. Em 23 de agosto de 2010, houve pagamento de R$ 75 mil. Em 2 de setembro, R$ 45 mil, em 22 de setembro, R$ 65 mil, em 13 de setembro, R$ 80 mil, e em 30 de setembro, R$ 82 mil.


O total das despesas da campanha de Bruno Araújo chegou a R$ 1,67 milhão. A Exatta representou 20,7% dos gastos totais.


A campanha de 2010 recebeu R$ 1,77 milhão. Não há registro de doação direta da Odebrecht para Bruno Araújo naquele ano.


Em 2014, a campanha de Bruno Araújo fez quatro pagamentos à empresa da família, também como ‘pesquisas ou testes eleitorais’. Em 2 de setembro, R$ 280 mil, em 3 de outubro, um de R$ 240 mil e outro de R$ 50 mil, e em 26 de setembro, R$ 80 mil.


O total de despesa com a Exatta chegou a R$ 650 mil. A campanha custou R$ 3.823.108,01. A empresa da família de Bruno Araújo representou 17% dos gastos da corrida eleitoral à Câmara.


O TSE registrou, em 2014, uma transferência direta de R$ 30 mil da Construtora Norberto Odebrecht para a campanha de Bruno Araújo. Houve ainda uma transferência eletrônica de R$ 100 mil da Construtora, por meio da Direção Nacional do PSDB, um repasse de R$ 270 mil da Braskem – braço petroquímico da Odebrecht -, por meio da Direção Estadual, e uma transferência direta da Braskem de R$ 30 mil à campanha.


Em seu site, a Exatta informa que está no mercado desde 1999 e ‘adquiriu uma vasta experiência em Pesquisas, Censos, Trabalhos de Assessoria Política e Gestão Empresarial, com vários trabalhos realizados em todo o Brasil’.


“A Exatta vem crescendo e se expandindo, devido ao seu comprometimento e alto desempenho nos seus trabalhos”, afirma a empresa na internet.


Bruno Araújo fez pagamentos à Exatta também no período em que foi deputado federal. Os dados estão disponíveis no site da Câmara a partir de abril de 2009.


O hoje ministro destinou R$ 102 mil de sua cota parlamentar à empresa entre 2009 e 2013. A cota é um valor único mensal destinado a custear os gastos dos deputados exclusivamente vinculados ao exercício da atividade na Câmara.


Em 2009, foram feitos seis pagamentos de R$ 7 mil nos meses de junho a novembro. Em fevereiro e março de 2010, duas parcelas de R$ 7 mil, e em novembro daquele ano, um pagamento de R$ 8 mil.


Em 2011, foram pagos duas vezes o valor de R$ 8 mil em junho e julho. Em março de 2012, dois pagamentos de R$ 6 mil, e, em 2013, um único repasse de R$ 10 mil.


O valor máximo mensal da cota, segundo a Câmara, depende da unidade da federação que o deputado representa. Essa variação ocorre por causa das passagens aéreas e está relacionada ao valor do trecho entre Brasília e o Estado que o deputado representa. O valor para Pernambuco é de R$ 41.676,80 por mês.


O tucano é um dos oito ministros do presidente Michel Temer que tiveram a instauração de inquérito autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) com base na delação premiada de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Araújo será investigado pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

 
 
 
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