Pessoas próximas a Palocci relataram que a solicitação para que a PF sentasse à mesa foi sugestão de Marcelo Odebrecht
O ex-ministro Antonio Palocci quer unir Polícia Federal e Ministério Público Federal no acordo de delação premiada que negocia com a Operação Lava Jato.
Há cerca de duas semanas, em sua primeira reunião com integrantes da força-tarefa no Paraná, na superintendência da PF em Curitiba, esteve presente o delegado Felipe Pace, que conduziu as investigações que levaram o petista à prisão, em setembro do ano passado.
Pessoas próximas a Palocci relataram que a solicitação para que a PF sentasse à mesa foi sugestão de Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht que assinou delação em dezembro. Palocci e Marcelo estão presos na carceragem da PF em Curitiba.
Marcelo teria dito que os procuradores não tinham foco em diversos temas ligados à empreiteira.
O grupo baiano fez o acordo com o Ministério Público Federal, sem a participação dos policiais.
Em maio de 2016, o procurador-geral da República Rodrigo Janot, entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para proibir a PF de negociar delação. Desde então, os órgãos não atuaram em conjunto nessa frente.
Um delegado chegou a procurar o juiz Sergio Moro para informar que Palocci queria negociar com a polícia, mas o magistrado disse que era preciso incluir o Ministério Público.
O STJ (Superior Tribunal Federal) marcou para esta terça-feira (18), o julgamento do pedido de liberdade de Palocci.
A reportagem apurou que o petista tem dito que sabe que tem pouca chance de êxito –ainda mais com a publicidade das delações da Odebrecht que o colocam como principal interlocutor de Lula.
No início do mês, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, negou um habeas corpus impetrado pela defesa.
Outro ponto que também pesou na decisão do ex-ministro para tentar um acordo é a negociação de seu ex-assessor, Branislav Kontic, com os procuradores.
Kontic foi preso no ano passado com Palocci, mas deixou a prisão após dois meses por decisão do Tribunal Federal da 4ª Região.
Pessoas ligadas a Palocci dizem que entre os temas que ele pretende tratar estariam corrupção de empresas do sistema financeiro, como bancos, e fatos ligados ao ex-presidente Lula, de quem ele defendeu interesses econômicos.
Até o momento, o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um processo conduzido pelo juiz Moro.
Há, no entanto, outras ações que miram o petista. Uma delas investiga sua atuação na compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula.
A primeira opção do ex-ministro da Fazenda para conduzir sua delação era o advogado paranaense Marlus Arns, que fechou o acordo do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite.
O criminalista, porém, declinou do caso por questões financeiras. Arns argumentou que já atende o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com bens bloqueados, e que não poderia ter outro cliente sem condições de pagar.
O advogado Roberto Batochio, que além de Palocci defende o ex-ministro Guido Mantega e o ex-presidente Lula, disse que deixará o caso se o cliente tomar a decisão de firmar acordo de delação premiada. "Ele não falou nada para mim nesse sentido", afirmou.