Segundo o ministro Edson Fachin, o grupo admitiu ter pago 65,68 milhões de dólares em propinas no exterior
A Procuradoria-Geral da República deve se manifestar sobre a possibilidade de crimes cometidos no exterior pelo Grupo Odebrecht serem julgados no Brasil, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, deste sábado. Executivos e ex-executivos da empreiteira admitiram que operações do grupo que continham práticas ilícitas eram realizadas em pelo menos nove países.
A parte sigilosa da lista de Fachin inclui nove determinações que pedem ao MPF para se manifestar sobre a questão. Agentes públicos ou privados estrangeiros estão envolvidos nas atividades ilícitas da empreiteira na Argentina, Venezuela, Equador, México, El Salvador, Colômbia, Peru, República Dominicana e Angola.
Segundo o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o grupo admitiu ter pago 65,68 milhões de dólares (206,6 milhões de reais) em propinas internacionalmente. Há relatos de propina envolvendo diversas obras na América Latina, como o metrô de Caracas, na Venezuela, e os Sistemas Troncais da Argentina.
Valores foram pagos também para campanhas eleitorais presidenciais em El Salvador e no Peru. Segundo a lista de Fachin, os ex-presidentes Mauricio Funes e Ollanta Humala teriam recebido respectivamente 5,3 milhões de reais e 3 milhões de reais.
O STF e a Procuradoria-Geral da República precisam decidir agora se os crimes cometidos no exterior estão sujeitos à jurisdição brasileira. Independentemente de haver investigação no Brasil, a Procuradoria-Geral já pode comunicar ao exterior os fatos narrados pelos delatores, para que possa haver investigação estrangeira.