Em um mês e meio, o ‘Jornal Nacional’ noticiou, com destaque, três casos de violência contra mulher envolvendo contratados da emissora.
Em fevereiro, o sertanejo Victor, que faz dupla com o irmão, Léo, deixou o ‘The Voice Kids’ sob a acusação de ter agredido a esposa grávida, Poliana Chaves.
No final de março, o que era boato se confirmou: a figurinista Su Tonani denunciou o ator José Mayer por tê-la assediado em vários momentos durante a convivência de ambos nos bastidores da novela ‘A Lei do Amor’.
Na segunda-feira (10), o ‘JN’ abriu espaço para discutir – e condenar – o comportamento hostil do médico Marcos Harter contra a estudante Emilly Araújo no ‘BBB17’.
O telejornalismo do canal passou a ser usado não apenas para informar a respeito das ocorrências, como também para marcar a posição da Globo.
Os três episódios mobilizaram a imprensa e as redes sociais. A emissora se tornou alvo da pressão popular. Até então, sua política era a de não comentar a vida pessoal dos funcionários e colaboradores nem repercutir assuntos internos.
Os tempos são outros. Tornou-se inadmissível ficar em cima do muro ou se omitir. Nenhuma empresa, tampouco a mais poderosa rede de TV do País, tem o direito de ignorar violência, assédio sexual e atitudes abusivas cometidas por seus profissionais ou participantes de programas.
No caso de Marcos e Emilly, a Globo se viu diretamente envolvida num caso de polícia. Não existia a opção de ‘abafar’ a polêmica para preservar o reality show.
A expulsão de Marcos e o afastamento de Victor e Mayer do vídeo terão consequências: a cúpula da emissora vai rever os códigos de conduta de seus funcionários, endurecendo a punição a assediadores/agressores, e pretende ampliar o apoio oficial ao combate do machismo e da violência contra a mulher.
Foi preciso uma onda de agressões com estrondoso eco midiático para a Globo assumir um papel social que deveria desempenhar todos os dias, com sua força imensurável de influenciar milhões de brasileiros – para o mal e para o bem.