O depoimento de um ex-empreiteiro da Odebrecht detalhou como funcionava o esquema de repasses ilegais para uma conta em Nova York
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi citado em mais uma delação premiada da Odebrecht. Dessa vez, um dos ex-executivos da empreiteira Benedicto Junior, que era presidente de infraestrutura da empresa, acusa o tucano de receber propina e depositar o dinheiro em um conta bancária de Nova York, Estados Unidos. Segundo o depoimento, a irmã dele, Andrea Neves, era a responsável por operar a conta na cidade norte-americana. As informações são da revista Veja.
A publicação teve acesso a pelo menos três fontes que confirmaram a participação do senador em negociações de “contrapartidas” em obras públicas do governo de Minas Gerais, como a Cidade Administrativa, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no estado de Rondônia, cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica.
Aécio Neves e Benedicto Junior eram amigos, participavam de jantares juntos. Tendo ciência que as delações já foram homologadas e podem se tornar objeto de denúncia, o senador saiu em defesa própria e negou as acusações. “Se confirmadas tais declarações — vazadas ilegalmente —, elas precisam necessariamente de comprovação, dada a gravidade de seu conteúdo”, afirmou.
A irmã de Aécio, Andrea Neves, também está na mira da Justiça e não conta com foro privilegiado, caso seja processada. A jornalista, além do vínculo familiar, é a principal assessora de imagem do senador. Neste domingo, ela gravou um vídeo para se defender.
Na gravação, ela fala repetidas vezes: “É mentira”. Com a voz embargada, Andrea chora e diz que pouco interessa quem é o mentiroso, o que interessa é a mentira. “Nós vamos provar que é mentira. Gostaria de olhar nos olhos da minha mãe e dizer que é mentira.” Andrea alega que está se sentindo atacada e “não sabe o motivo de tanto ódio”.
Aécio Neves é um dos parlamentares mais citados nos vazamentos das delações. Dos 83 depoimentos, o tucano já foi citado seis vezes. Ainda segundo os depoimentos dos ex-empreiteiros, o senador é um dos que mais receberam propina, cerca de R$ 70 milhões, desde 2003. Esse valor não foi declarado em suas contas na Justiça Eleitoral.